Luana
Luana é a personalidade mais soturna de Marina. Tal como o
nome Luana, os seus pensamentos remetiam à luminosidade da lua, eram etéreis.
Ela costuma usar vestidos longos e pretos com sandálias rasteiras para que
pudesse sentir o frescor da noite.
Almoçava
,impreterivelmente, todas as sextas-feira no Subway localizado na esquina da
rua Cardoso de Almeida com a rua Itapicuru no bairro Perdizes e fitava àquele
homem que beirava os 40 anos trajado de bermuda com All Star, na verdade, creio
que esse sujeito não passava de sua imaginação. E no início do final da semana,
ela fazia terapia com um psicanalista lacaniano que sempre se vestia da mesma
maneira, com as mesmas roupas para denotar impessoalidade.
Luana admirava o seu
psicanalista por impor regras, afinal no início da idade adulta fora
diagnosticada como borderline pela falta de limites características em todas as
suas relações. Ela era cônscia sobre a sua intensidade: sufocava as pessoas. O
seu melhor amigo dizia que a sua sensibilidade e intensidade era a sua
característica mais bela e mesmo, arduamente, afirmando a ela, Luana não
aceitava nenhum elogio, pois em algum estudo estadunidense, ela leu que o
cerébro dos borderlines processavam as informações rapidamente comparado a
outras pessoas, como ela temia confudir-se, resolveu não acreditar em elogios.
Aos 23 anos de idade apaixonou-se por Kauâ, talvez, não tenha se encantado por
ele propriamente, mas pela forma que ele a tratava.
Em suas sessões,
Luana sempre discutia com o seu terapeuta porque ele queria que ela nomeasse os
seus sentimentos. Luana, no entanto, descrevia os sentimentos como difusos,
gasosos em tons de cinza com roda, e, transformava-se em chuva como nas nuvens,
na realidade: eram lágrimas.
Marina se referia a
Luana como o seu inferno necessário por Luana a manter presa à terra, inclusive
a apelidou de Luana Woolf.
Luana confiava apenas em seu melhor amigo, dedicando a ele a
última carta escrita por Virginia Woolf a Leonard. Ela tinha uma forte
identificação com a escritora, pois a mesma escreveu que estava sempre beirando
à loucura. Com o aproximar de alguma crise, Luana cortava a parte interna da
coxa, e, nomeava a sua ação não como mutilação, mas como lágrimas de voz:
barulhos transformados em tormentos que findavam comumento no centro do peito.Luana ressurgia em Marina, quando ela se sentia rejeitada, Luana não se sentia querida, bem-quista. Ela elegeu como como deusa, uma semi-deusa: Medusa, o olhar petrificado dela tornava-se o seu, sempre tremido e prester a chorar.
Marina tomava algumas miligramas de Frontal, pois dizia ser um front no seu frontal. Por muitos anos Luana tomava forma de penunbra, sendo que inúmeras vezes Marina penso em exorcizar o dito "inferno necessário".
Luana contemplava o teto enquanto se banhava, implorando por um milagre, no fundo, sabia da sua solitude. Chorava desesperadamente todas as manhãs.
Marina angustiada dirigia um olhar atento, cúmplice de sua dor. Luana segurava a cabeça fortemente com as duas mãos para tentar brecar os seus pensamentos. O reconforto vinha com a água quente do chuveiro como a representação da água da chuva, ela almejava o sacro, subime, para libertá-la de si.´
Água, chuva,
chuveiro, nuvens, São Pedro e o pensar difuso a desgastava.
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